Caso Vitória: Laudos da perícia mostram sangue da vítima na casa do suspeito preso

Perícia também localizou perfis genéticos do indivíduo e da vítima no veículo Corolla (Reprodução)

Nesta quarta-feira, 16, a Polícia Técnico-Científica de São Paulo realizou coletiva de imprensa para informar sobre o término dos trabalhos de perícia do Caso Vitória, crime ocorrido em Cajamar. Durante a coletiva, as autoridades prestaram os esclarecimentos e responderam perguntas relacionadas aos trabalhos periciais e acerca da investigação do caso.

Coletiva de imprensa foi realizada na sede do Instituto de Criminalística (Divulgação: IC)

No início da coletiva foi enfatizada a atuação da Polícia Civil, que atuou de forma incansável na busca da coleta das provas e dos vestígios para materialização e para individualizar a autoria do crime.

O Diretor do Instituto de Criminalística, Dr. Ricardo Ortega, falou sobre os três principais pontos de interesse técnico-pericial:

• o exame do local e do cadáver

• o exame do imóvel de posse do Micael

• a vistoria nos veículos que a investigação apresentou para exame

  
  

Ferimentos

Segundo a Polícia, o exame externo no corpo da vítima (em adiantado estado de putrefação), mostrou três ferimentos pérfuro-incisos: na região esquerda do tórax; na região do pescoço (porção clavicular esquerda); e na região da cabeça, próxima à orelha esquerda (infra auricular). Também foi localizado um ferimento na região posterior superior do corpo, próximo à nuca, com equimoses esparsas e uma marca clarificada no punho direito.

Os métodos utilizados nos exames periciais foram o exame à vista desarmada, que são os profissionais analisando todos os vestígios possíveis de serem encontrados e o perito criminal, que se assessora de alguns equipamentos e algumas técnicas.

O que foi utilizado

- Os exames de quimio-luminescência, usados para detecção de manchas de sangue latente, eventualmente encontradas no local

- Cães de biodetecção, que são cães treinados por um programa de treinamento da Superintendência da Polícia Técnica e Científica de São Paulo, feito em conjunto com a UNIFESP de São José dos Campos

- Um sistema óptico multispectral, que é um equipamento conhecido como Forenscope, que possui luzes e filtros forenses para detectar fragmentos biológicos

- Apoio de Scanner 3D e drones

Principais resultados

Os principais resultados da perícia foram oriundos das coletas de todos esses elementos, quer seja do local, quer seja de diversos suportes. Durante a investigação, foram encontrados resultados significativos nas análises de amostras de sangue.

A Polícia destacou que, no imóvel de Maicon que foi periciado, foi encontrada uma mancha de sangue latente no batente da porta do banheiro, na altura da metade da porta. O exame de confronto genético (DNA) confirmou que esse sangue era humano, e revelou ser da vítima, Vitória Regina de Souza.

Além disso, dos veículos examinados, o veículo Corolla teve amostras coletadas no forro do porta-malas, onde foi encontrada uma mistura de perfis genéticos do indivíduo Maicol e da vítima Vitória. "É uma mistura de perfis genéticos. Pode ser fluídos biológicos de ordem geral. Pode ser suor, pode ser qualquer coisa de contato que você tenha e pode deixar material genético. Não necessariamente sangue", destacou. "É importante frisar o seguinte, o material foi revelado por visão de quimiluminescência, então você não enxerga a olho nú". Também foi coletado material na traseira do banco dianteiro direito e no assento do banco dianteiro esquerdo.

DNA

O exame de confronto genético, realizado pelo Núcleo de Biologia e Bioquímica, permitiu constatar que nas amostras havia sangue humano e o sangue era da vítima, a adolescente Vitória Regina de Souza.

Durante a coletiva também foi falado a respeito do recurso de prazo e o tempo do exame pericial, citando a diferença de um exame com amostras de duas pessoas vivas, como por exemplo, um exame de paternidade, e com as amostras desse caso, que são invisíveis e de difícil detecção. Segundo a perita, as amostras não eram eficazes e necessitaram de várias repetições para que se conseguisse o resultado conclusivo na análise. "Por ser uma tarefa de amostra realmente muito escassa, mas felizmente conseguimos os resultados  que colocam o perfil da vítima, o perfil genético da vítima da Vitória na propriedade do senhor Maicol e também no interior do carro, também de sua propriedade", explicou a perita. 

Perguntado se no veículo foi encontrada alguma amostra que aponte para que uma terceira pessoa possa ter participado da morte ou na ocultação do cadáver, a perícia informou que foi encontrada também uma mistura de material genético de uma outra pessoa cuja identidade não é conhecida mas que pode ser um usuário do carro, ou de qualquer pessoa que entrou dentro do carro. "Qualquer pessoa pode ter entrado no carro e não está relacionado exatamente ao evento da ocorrência". 

Nos veículos Yaris, Gol e Corsa periciados, as amostras não detectaram o perfil genético da vítima Vitória.

Os nove laudos periciais, mais o laudo médico legal, apontam que Maicol agiu sozinho. Ele está preso desde o dia 08 de março e deve ser indiciado por sequestro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

No próximo dia 24 de abril será feita a reconstituição do crime. Antes, Maicol deve passar por uma avaliação psiquiátrica, que deve construir o seu perfil comportamental.

Participaram da coletiva:

Claudinei Salomão – Superintendente da Polícia Técnico-Científica

Ricardo Lopes Ortega – Diretor do Instituto de Criminalística

Wladimir Alves dos Reis – Diretor do Instituto Médico Legal

Luiz Carlos do Carmo – Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro)

Fábio Lopes Cenachi – Delegado Titular da Delegacia de Cajamar

Danya Moysés Fialho – Perita do Núcleo de Biologia e Bioquímica

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